sábado, 4 de setembro de 2010

Culpada

Sou culpada, embora os outros digam que não há culpa pois não há crime. Mas eu sou culpada, eu sei disto. Sou culpada por um crime que aconteceu só para mim. Sou culpada por deixar nascer alguém em meu peito e quando a vida estava muito boa, quando estava no auge da felicidade e do amor – suponho que é assim que chamam esses sentimentos indecifráveis  e infames – eu cometi assassinato! Ou foi suicídio? Não sei, mas eu matei alguém. Ou mais de uma pessoa... será que matei duas vidas felizes e amantes? Ou matei uma só vida? Só matei a mim? É, só matei a minha vida. Matei a vida feliz e com amor que eu havia construído. Mas essa vida não faz falta a ninguém, porque ninguém registrou ocorrência na delegacia de homicídios. Acho que só eu, apenas eu sinto falta dela. Mas talvez não seja falta... seja remorso. Afinal nunca tinha matado antes. Matar não é fácil... deixa a culpa de uma vida acabada. 

[Escrito em 21 de Julho de 2010]
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Nota: Ando postando meus escritos antigos... Coisas que eram só minha.

Um comentário:

  1. Matei minha vida, mas ao contrário de sua experiência, matar é algo fácil. Reviver que é difícil.
    "Ou matei uma só vida? Só matei a mim? É, só matei a minha vida."

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